RIU – Moodle como plataforma de ensino de aprendizagem na educação superior

 

 

 

Profa. Dra. Wilsa Maria Ramos

Instituto de Psicologia

Departamento de Psicologia Escolar e Desenvolvimento/UnB

Currículo Lattes

 


Preparamos um documento norteador para a complexa missão de dialogar com diversas áreas do conhecimento na elaboração do plano de aula.

O plano de aula visibiliza o caminho que o professor propõe para o ambiente virtual de aprendizagem (AVA), com foco na seleção dos recursos e atividades do Moodle ou de outras plataformas, tais como: fóruns, wikis, simulações, estudos de caso, análises de situações-problema, incidentes críticos do contexto real de trabalho etc.). Ele deverá contemplar estratégias pedagógicas diversificadas, adequadas ao contexto de ensino e aos diferentes estilos de aprendizagem, compatibilizando-as com as competências a serem desenvolvidas.

Vejamos, a seguir, os elementos norteadores da qualidade do plano de aula:

  1. prever uma sequência didática com atividades e formas de avaliação diversificadas, que permitam ao estudante ter uma participação e aprendizagem ativa;
  2. apresentar, na sequência didática, a seleção de recursos digitais que compõem a aula, como gravação de vídeos ou de áudios (podcast), uso de um jogo digital, ou solicitar a produção, pelos estudantes, de um conteúdo em formato audiovisual, entre outros recursos ;
  3. prever mecanismos de comunicação e interação social em ambiente acadêmico, entre estudantes e entre estudantes e professor;
  4. prever materiais de estudo/leituras (textos, hipertextos, blogs, e-book etc.), baseados em critérios qualitativos de leveza e profundidade, evitando textos que não sejam essenciais à aprendizagem, e focados no essencial;
  5. apresentar clareza na elaboração dos objetivos de aprendizagem da aula e nas instruções das atividades a serem realizadas;
  6. dispor de orientações acerca dos tempos estimados para os estudos, por atividade e por plano de aula;
  7. definir o tipo de avaliação (diagnóstica, formativa e somativa) e respectivos instrumentos e indicadores, recorrendo a técnicas diversificadas, de acordo com os objetivos da disciplina, tais como: questionários de resposta fechada, exercícios de resposta aberta, simulações, tarefas específicas, exercícios colaborativos, atividade de pesquisa, portfólios etc.;
  8. explicitar como será o feedback e a correção das atividades de estudo e avaliativas por parte dos professores ou pela avaliação em pares.

Para ampliarmos a compreensão da complexidade da tarefa docente, destacamos os sete Princípios de Aprendizagem para desenho de ambientes de aprendizagem elaborados pela OCDE (2017):

 OECD (2017). The principles of learning to design learning environments. In The OECD Handbook for Innovative Learning Environments (chapter 1, pp. 21-40). Paris: OECD Publishing. Accesible en: http://www.oecd-ilibrary.org/education/the-oecd-handbook-for-innovative-learning-environments_9789264277274-en

  1. O aprendiz está no centro da aprendizagem. O ambiente de aprendizagem reconhece os estudantes como protagonistas e estimula seu compromisso ativo e os ajuda a compreender o sentido das atividades;
  2. a aprendizagem é de natureza social.  O ambiente de aprendizagem promove a comunicação, a interação e a aprendizagem colaborativa entre os estudantes;
  3. as emoções são essenciais para a aprendizagem.  O ambiente de aprendizagem leva em consideração a dimensão simbólica e emocional da aprendizagem como papel fundamental nas conquistas do estudante;
  4. o aprendizado deve considerar as diferenças individuais. O ambiente de aprendizagem é sensível às diferenças individuais (conhecimentos prévios, habilidades, estratégias, interesses, motivações etc.);
  5. esforço/desafio é a chave para o aprendizado. O ambiente de aprendizagem deve projetar atividades que exijam esforço e despertem o desejo de aprimorar seus conhecimentos, mas sem sobrecarregar excessivamente os estudantes;
  6. a avaliação contínua/formativa favorece o aprendizado. O ambiente de aprendizagem deve operar com expectativas claras e aplicar estratégias de avaliação consistentes. A avaliação formativa deve ser substancial e regular;
  7. aprender envolve construir conexões horizontais. O ambiente de aprendizagem promove conexões horizontais entre diferentes disciplinas e com a comunidade local, regional com o mundo.

Para cada princípio, podemos prever ações que o professor poderia realizar para que o princípio seja cumprido. Por exemplo, no princípio 1 (Aprendizagem centrada no estudante), ele poderia propor um contexto de atividades composto por:

  • estratégias de exploração do conteúdo de forma autônoma;

  • atividades que considerem e incluam as contribuições dos estudantes;

  • foco no processo de autoaprendizagem, levando o estudante a planejar, supervisionar e valorizar seus próprios processos de aprendizagem;

  • tarefa com margem de decisão e controle do estudante sobre suas atividades;

  • momentos de reflexão por parte do estudante acerca do próprio processo de aprendizagem, incentivando a conscientização a respeito de como ele aprende, ou seja, qual a sua identidade de aprendiz.

Por último, recomendamos que, ao planejar a sua aula, se retorne aos sete princípios da aprendizagem e verifique quantos deles você consegue abranger; tente dosar as suas escolhas didáticas para contemplar o maior número de princípios, tornando a sua aula em uma tecnologia social, emancipatória, que gera aprendizagem com sentido para os estudantes e gere sentido em aprender.

Em tempos de pandemia da Covid_19, nos diversos segmentos educacionais, as Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC) têm ocupado o espaço do diálogo e aproximação pedagógica, viabilizando a interação, a produção de conhecimentos e a disseminação de informações. No universo das produções digitais acadêmicas, de forma assincrona e síncrona, ubíqua e flexivel, podemos exercer um papel ressignificado de docência, ao abrirmos portas para o protagonismo dos estudantes como “espect-autores”, produtores de conhecimentos e não mero consumidores. Afinal, todos somos aprendizes e artífices, nesses tempos de contingenciamento e isolamento social na cultura digital.

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