RIU – Formato de cursos no Moodle da UnB: tópico, grade e trilha

 

Prof. Dr. Marcos Rogério Martins Costa

Instituto de Letras: Departamento de Linguística, Português e Letras Clássicas/UnB

Currículo Lattes

 

   

Quando o usuário do Moodle entra na plataforma, a primeira percepção que tem é de como o conteúdo foi disposto na tela, isto é, do formato do curso. Essa disposição dos conteúdos não deve ser pensada apenas como uma maneira visual de dispor a sequência de tópicos e atividades dos usuários na tela principal. Longe dessa acepção simplista, cada formato do Moodle ancora-se em uma concepção didático-pedagógica que é assumida pelo professor-tutor no momento da escolha desse formato e não de outro. Compreende-se, assim, que, apresentar o curso no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) em formato de tópicos ou em formato de trilha faz toda a diferença, seja para o mediador do conhecimento (professor-tutor), seja para quem fará uso e irá (inter)agir no AVA em busca da aquisição e consolidação de competências (usuário-aluno). Vamos aprender sobre essas concepções didático-pedagógicas que estão por trás dos formatos do Moodle?

Como configurar o formato no Moodle do Aprender 3?

É um processo muito simples. Estando no Aprender 3, com o perfil de professor, acione o botão . Essa opção está na área de , localizada no canto inferior da tela. Em seguida, faça os seguintes comandos:

1º Passo: Ainda na área de Administração do curso, clicar na opção Editar configurações.

2º Passo: A página de Editar configurações do curso se abrirá e, então, clique na aba Formato do curso, que está em azul.

3º Passo: Na opção Formato, clique na seta e escolha uma das opções: formato grade; formato atividade única; formato social; formato tópicos; formato trilha.

4º Passo: Clique, no final da página, no botão azul Salvar e mostrar.

Depois de configurado o formato, a disposição dos conteúdos vai se adequar a opção escolhida. Destaca-se que, em alguns formatos – como o formato social –, certos itens ficam ocultos, todavia não se perde nenhuma informação e/ou conteúdo ao se trocar de formato.

Agora, que você já sabe como configurar um formato no Moodle do Aprender 3, serão apresentadas, de maneira resumida e não exaustiva, as concepções didático- pedagógicas que estão associadas a cada formato. Desse modo, poderá escolher o formato mais adequado ao seu estilo e metodologia de ensino e aprendizagem.

As concepções didático-pedagógicas de cada formato

          a) Formato grade

Figura 1. Tela de disciplina no formato grade

concepcoes didatico pedagogicas figura 1

Fonte: Moodle Aprender 3/UnB

O formato grade objetiva apresentar ao usuário um curso modular e visual. Isso pode ser verificado pela disposição dos conteúdos em módulos. Um módulo representa uma etapa no AVA do processo de ensino-aprendizagem do usuário-aluno. A visualização de cada módulo facilita a estruturação dos conteúdos. Destaca-se que, quando um módulo está aberto, os demais estão ocultos na tela. O título de cada ícone é curto. Cada módulo possui um ícone, formando, assim, quando reunidos, uma grade de ícones – daí vem o nome desse formato.

Considerando esses aspectos, a concepção didático-pedagógica desse formato se sustenta na sequência modular da disciplina. Cada módulo vai ser responsável por apresentar, discutir e promover a reflexão de determinados conteúdos. Não necessariamente poderá haver uma avaliação em cada módulo. O que garante a independência de cada módulo e não induz o usuário-aluno, necessariamente, a linearidade e a hierarquização de conteúdos e atividades. Embora o professor-tutorpossa indicar uma sequência linear para os ícones – podendo inclusive numerar os ícones a partir dos títulos –, a disposição em grade não favorece essa condução linear, uma vez que a proposta didática que subjaz a esse formato é fazer de cada módulo uma experiência de ensino-aprendizagem. Com isso, o usuário-aluno é conduzido a aprenderem seu próprio ritmo ao explorar as diferentes e diversas possibilidades de cada módulo.

          b) Formato atividade única

Figura 2. Tela de disciplina no formato atividade única

concepcoes didatico pedagogicas figura 2

Fonte: Moodle Aprender 3/UnB

O formato de atividade única promove a inserção de uma atividade ou recurso. É utilizado para inserir um recurso como o Quiz ou um pacote Shareable Content Object Reference Model (SCORM) na página do curso. A sigla SCORM significa, em tradução livre, Modelo de Referência de Objeto de Conteúdo Compartilhável. O uso prático desse pacote é que o SCORM permite estabelecer uma comunicação entre diferentes plataformas de Learning Management System (LMS) – sigla em inglês que designa Sistema de Gestão de Aprendizagem. Em outras palavras, caso se tenha atividades ou recursos em outras plataformas LMS que não estejam presentes no Moodle é possível transferir para esse espaço a partir de um pacote SCORM que é compatível com o formato de atividade única.

A concepção didático-pedagógica desse formato é a concentração da interação em um recurso ou atividade. Compreende-se, assim, que o uso desse formato pode ser limitado se comparado aos demais, bem como que exigirá do professor-tutor condução e monitoração atentas para com a participação dos usuários-alunos. A vantagem do uso desse formato advém, sobretudo, da exportação de atividade de outra LMS. As desvantagens são decorrentes da centralização dos conteúdos do plano de ensino em uma única atividade ou recurso.

          c) Formato social

Figura 3. Tela de disciplina no formato social

concepcoes didatico pedagogicas figura 3

Fonte: Moodle Aprender 3/UnB

O formato social é a criação de uma grande rede social digital interna. Todos os tópicos e conteúdos são ocultos na tela principal e o que fica em evidência é um fórum central. Com isso, a perspectiva é que a interação no referido fórum seja a força motriz para o desenvolvimento dos conteúdos e das atividades. Todos os recursos do fórum podem ser explorados com maior atenção pelo professor-tutor e pelos usuários-alunos.

A concepção didático-pedagógica subjacente a esse formato é que a interação no fórum vai permitir a troca de ideias e de experiências. É uma forma de centralizar os procedimentos didáticos a partir do recurso dialógico presente no fórum. A experiência do processo de ensino-aprendizagem dependerá substancialmente da condução do professor-tutor e de como este fará a costura textual dos comentários dos usuários-alunos. Em suma, o formato social é usado para criar um AVA cujo objetivo é, sobretudo, colocar à disposição dos discentes um grande fórum de discussão.

          d) Formato tópicos

Figura 4. Tela de disciplina no formato tópicos

concepcoes didatico pedagogicas figura 4

Fonte: Moodle Aprender 3/UnB

O formato tópico é mais utilizado no Moodle e, por isso, é o formato padrão que é sugerido quando a disciplina é criada. Não é por acaso. Esse formato tem diversas características que explicam essa popularidade. Primeiramente, o formato em tópico traz uma divisão dos conteúdos em seções que podem ser segmentadas e configuradas conforme a metodologia de cada professor-tutor e o estilo de aprendizagem do alunado.
Em segundo lugar, esse formato proporciona uma sequencialidade das seções e tópicos, as quais delineiam como a disciplina será desenvolvida. Em terceiro, o professor-tutor tem a possibilidade de ocultar, criar e remover tópicos, bem como seções. Essa diversidade de opções é apresentada, visualmente, ao usuário na página principal.

A concepção didático-pedagógica subjacente a esse formato é a promoção de um processo de ensino-aprendizagem diretivo e objetivo. É diretivo porque o professo-tutor direciona a sequência de seções e os tópicos a serem desenvolvidos, podendo, inclusive, fazer uma seção ser uma espécie de “pré-requisito” para se acessar a seguinte. É objetiva, porque os comandos e os conteúdos são distribuídos em seções logo na página principal. Projeta-se, assim, um processo de ensino-aprendizagem com maior controle e direcionamento do professor-tutor, embora, ressalva-se, as seções possam conter elementos que favoreçam a interatividade e a participação ativa dos usuários-alunos. Por conseguinte, a maior ou a menor centralização do processo de ensino-aprendizagem se dará pelas escolhas e pelos direcionamentos que o professor-tutor fizer das atividades e avaliações a serem incluídas em cada seção.

          e) Formato trilha

Até o presente momento, o formato trilha possui, na versão Moodle do Aprender 3, três opções de trilha: Pista; Rio; Quebra-Cabeça 1. Essas opções encontram-se representadas nas figuras a seguir:

Figura 5. Tela de disciplina no formato trilha – Opção Pista

concepcoes didatico pedagogicas figura 5

Fonte: Moodle Aprender 3/UnB

Figura 6. Tela de disciplina no formato trilha – Opção Rio

concepcoes didatico pedagogicas figura 6

Fonte: Moodle Aprender 3/UnB

Figura 7. Tela de disciplina no formato trilha – Opção Quebra-cabeça 1

concepcoes didatico pedagogicas figura 7

Fonte: Moodle Aprender 3/UnB

Independentemente do tipo de trilha a ser escolhido pelo professor-tutor, as trilhas de aprendizagem partem de um mesmo fundamento: constituem um conjunto integrado e sistemático de ações de desenvolvimento de competências. Esse conjuntorecorre a múltiplas formas de aprendizagem que são apresentadas aos usuários-alunos em um formato de percurso. Esse percurso pode ser figurativizado de distintas formas: como pista (figura 5), como rota de um rio (figura 6) ou como um quebra-cabeça (figura7). Cada estágio desse percurso visa à aquisição e à produção de conhecimentos necessários para o desenvolvimento de competências, as quais, por sua vez, podem envolver conhecimentos, habilidades e atitudes. É esperado que o percurso da trilha requeira o desempenho de diferentes níveis e espaços de aprendizagem, motivando o usuário-aluno a construir raciocínios lógicos e estratégicos para chegar até o final da trilha de aprendizagem – daí, em não raros casos, se inserir nesse tipo de formato características de gamificação como recompensas e desafios.

A concepção didático-pedagógica que está por trás do formato trilhas é a compreensão de diferentes e distintos níveis e graus de aprendizagem que podem ser incentivados e (trans)formados ao longo do percurso da trilha. Uma limitação da versão de trilha de aprendizagem do Moodle é a impossibilidade de se criar trilhas alternativas, uma vez que é previsto um único percurso para todos os usuários-alunos. Por isso, é importante que os estágios possuam uma maior diversidade de recursos e atividadespara que a concepção didático-pedagógica supracitada não se esvaneça.

Na trilha de aprendizagem, é necessário definir um curso de ação a ser seguido para o desenvolvimento das competências previstas no conteúdo programático do curso, presente no plano de ensino. Desse modo, a estruturação dos níveis de complexidade dos estágios na trilha deve se pautar na compreensão do grau crescente de habilidades cognitivas, sendo esperado que as atividades e os recursos sejam estimulados do mais simples para o mais complexo tanto em termos de profundidade do aprendizado, como da construção da experiência da aprendizagem. Em geral, sugere-se que as ações sigam os seguintes comandos pedagógicos, de forma cíclica e gradual: conhecer, compreender, aplicar, analisar, sintetizar e avaliar.

          f) Formato semanal

Figura 8. Tela de disciplina no formato semanal

concepcoes didatico pedagogicas figura 8

Fonte: Moodle Aprender 3/UnB

Esse formato é bastante semelhante ao formato de tópicos. A diferença fundamental desse tipo é que o formato semanal se baseia na construção das seções do curso a partir da agenda da disciplina. Em outras palavras, cada semana prevista no período de vigência da disciplina vai gerar uma seção. Em cada seção, o professor-tutor tem à disposição todas as possibilidades de recursos e atividades que já dispunha no formato de tópicos – bem como tinha nos demais formatos, só que nos formatos tópicos e semanal essas possibilidades ficam mais visíveis em cada seção.

A concepção didático-pedagógica presente nesse formato é a condução cronológica do conteúdo programático do curso, presente no plano de ensino da disciplina. É um formato voltado para a premissa temporal. Logo, todas as atividades criadas são vinculadas a um determinado de período de vigência que é destacado no título de cada seção.

 

          Para saber mais

A escolha de um formato no Moodle deve ser pautada, sobretudo, pela metodologia desenvolvida pelo professor-tutor em consonância com o estilo de aprendizagem de seu alunado. Por isso é importante saber as concepções didático-pedagógicas que subjazem a cada um dos formatos disponíveis no Moodle.

Para saber mais sobre esse tema e outros correlatos a ele, sugere-se a leitura dos seguintes textos:

ALVES, Lynn; BARROS, Daniela; OKADA, Alexandra (Orgs.). Moodle: estratégias pedagógicas e estudo de caso. Salvador: EDUNEB, 2009.

CARLINI, Alda Luiza. Procedimentos de ensino: escolher e decidir. In: SCARPATO, Marta (Org.). Os procedimentos de ensino fazem a aula acontecer. São Paulo: Avercamp, 2004, p. 25-84.

COSCARELLI, Carla Viana. Novas tecnologias, novos textos, novas formas de pensar. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

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