Profa. Dra. Wilsa Maria Ramos
Instituto de Psicologia
Departamento de Psicologia Escolar e Desenvolvimento/UnB
No período de pandemia do COVID-19, enfrentamos dificuldades de execução das ações cotidianas da Universidade de Brasília. Isso nos demanda mudanças de procedimentos a curto, médio e longo prazo, visando ao fortalecimento do papel social da Universidade
Não conhecemos – e sequer podemos prever – a duração e o vasto feixe de novas dinâmicas e restrições que envolvem este momento muito particular da história da humanidade. Mesmo assim, a Universidade de Brasília, cumprindo a sua missão institucional de produzir e disseminar conhecimentos de alto nível e com referência social, tem se ocupado de estudar e prospectar ações estratégicas, para melhor planejamento do retorno às aulas, em formatos distintos do ensino presencial e compatíveis às contingências que se apresentam.
Coordenados pelo Cead, professores e técnicos vêm contribuir na proposição de repensar o trabalho docente, em tempos de pandemia, em dimensões técnico-pedagógicas e ético-estéticas que assegurem e potencializem a interação social e acadêmica mediada pelas tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC). A dimensão ético-estética envolve prever e planejar condições de atendimento aos perfis diferenciados discentes e docentes e oportunizar o acesso às oportunidades distintas de formação e inclui considerar as condições adversas que cada um, professor, estudante, poderá estar vivenciando, oferecendo acolhimento e apoio socioemocional e educativo.
Isso se dá pelo desenho de um percurso formativo e experiencial dedicado à reflexão e adaptação do planejamento do ensino universitário em condições de isolamento físico, assegurando e potencializando a interação social e acadêmica mediada pelas tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC).
Pesquisadores, professores e técnicos, experientes na docência on-line e comprometidos com os avanços no campo da pesquisa e do ensino, ajudaram a compor os conteúdos para dinamizar uma ambiência formativa. a partir de narrativas singulares e influenciadas por visões, epistemologias e metodologias diversas.
Os textos que sintetizam esses conteúdos encontram-se organizados numa página web, no site do Cead, constituindo-se recursos abertos à comunidade e a contribuições de outros autores/professores. Neste mesmo ambiente, estarão ainda informativos, tutoriais, indicações de recursos e estratégias, links, registros de experiências nacionais e internacionais, divulgações de eventos acadêmicos, espaços para interação e compartilhamento de soluções entre professores, além de outras ações colaborativas.
O curso de formação continuada “Recursos digitais e estratégias de aula possíveis para planejar o ensino não presencial” dará ambiência, sequencialidade e produtividade a esse conjunto de conteúdos, sendo certificado pelo DEX como extensão. Ele está emoldurado pelos fundamentos epistemológicos da construção do conhecimento baseado na aprendizagem personalizada, processual e dinâmica, que se prolonga ao longo da vida, superando a ideia do conhecimento como algo despersonalizado do aprendiz. A aprendizagem não é reprodução: ela envolve a tensão de uma produção própria ante a possibilidade de alimentar, com sua experiência, aquilo que aprende, retroalimentando recursivamente a sua ação docente. Esse é o caminho formativo que esperamos pautar-se na tríade ação-reflexão-recriação. Esse curso é destinado aos professores da UnB que, tensionados pela necessidade de recriar suas estratégias de ensino, buscam soluções para a reinvenção e a criatividade no planejamento e na execução do ensino em tempos de pandemia. Não pretendemos que o ele seja um especialista em tecnologias, mas que ele busque conhecer as possibilidades de desenvolvimento e aplicação TDIC no seu planejamento do ensino.
Aprender no Século XXI implica reconhecer a internet como campo/arena de relações complexas, configuradas pela tecnologia, pela cultura e pelas humanidades que alimentam e retroalimentam o que os especialistas vieram a denominar “cultura digital”: um “campo vasto e potente” (BOLL; KREUTZ, 2009), produto das TIC (tecnologias da informação e comunicação) e da convergência das telecomunicações e informática, que estabelece uma relação simbiótica específica entre a sociedade e a informática (LEMOS; LÉVY, 2010). Pensar o ensino e a aprendizagem no contexto da cultura digital coloca o professor e o estudante frente à abertura dos diferentes horizontes de como ensinar e aprender, favorece a expressão criativa, a participação e dá visibilização à produção acadêmica de conhecimentos.
Esperamos que esse desenho induza reflexões e outros modos de pensar e executar a docência universitária em tempos de adversidades. Acheguem-se!
Referências
BOLL, C. I.; KREUTZ, J. R. Caderno Cultura Digital. Brasília: PDE – MEC, 2009. 51 p. (Cadernos Pedagógicos – Mais Educação). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=12330-culturadigital-pdf&Itemid=30192.
LEMOS, A; LÉVY, P. O futuro da internet: em direção a uma ciberdemocracia planetária. São Paulo: Paulus, 2010.